O “strike” do Ceará no analfabetismo escolar e as novidades para 2018

Não é novidade que o Estado do Ceará vem melhorando muito a capacidade de alfabetização das escolas municipais que estão em seu território, por meio de um Regime de Colaboração que realmente funciona. A pesquisadora Catarina Segatto mostrou isso em sua tese e em artigos acadêmicos.

O que é interessante, do ponto de vista da educação, é ver, no detalhe, como um Estado pobre, muito mais pobre que os do Sudeste e Sul em termos de PIB percapita e de renda média da população, que, como sabemos tem alta relação com os resultados dos alunos, induz práticas de qualidade em seus 184 municípios, que é onde a educação realmente acontece. No Ceará a educação é praticamente 100% municipalizada nas duas etapas do ensino fundamental, para além da creche e educação infantil.

Hoje vou mostrar exemplos de materiais didáticos de alta qualidade que o Governo Estadual disponibiliza para “seus” municípios. E, como estão na internet, para quem mais quiser usar, inclusive escolas particulares, muitas delas ainda com dificuldade de alfabetizar seus alunos logo no início da escolarização.

O gráfico a seguir mostra as notas da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA), que é aplicada aos alunos de 3º ano das redes públicas do Brasil. Em azul, as notas das escolas do Brasil como um todo, em verde só as do Ceará. As notas estão distribuídas pelo nível socioeconômico médio das escolas, informação que consta da base de dados da ANA de 2016. Como se vê, alguns dos alunos mais pobres do Ceará alcançam proficiência em leitura melhor que os seus pares de NSE alto ou mto alto de outros estados.

ANA_2016_BRZ_CE_NSE_Scatter

Eles fazem isso com uma série de políticas de indução, que inclui premiações, pareamento de escolas muito boas com as que precisam de mais ajuda e repasses condicionados das cotas de ICMS. Isso tudo está explicado pela Catarina Segatto. O que eu quero mostrar hoje são os materiais que o Estado disponibiliza no site do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) na internet. É meio complicado de achar e é possível que educadores que não são do Estado nunca tenham ouvido falar nesses materiais, para os quais hoje gostaria de indicar o caminho.

O site completo é este aqui, mas os materiais de alfabetização do PAIC estão aqui. E a novidade que me fez escrever este post são os planos de aula novos de 2018, que levam em conta o currículo do Estado e a BNCC (mais o primeiro que o segundo!!). São planos de aula completos para 8 semanas de aula no caso de Língua Portuguesa e 4 para Matemática, para todos os anos do ensino fundamental 1. Está tudo ali, explicadinho em detalhes, desde como organizar a semana:

Plano_Aulas_Semanal

Até a organização de cada dia de atividades pedagógicas em si, que mostram como os alunos deverão ser alfabetizados, já sendo estimulados a ler textos autonomamente ao final do segundo mês de aulas do 1º ano, evoluindo para textos mais desafiantes e interessantes e respondendo questões idem a cada ano. No material do 1º ano não estão incluídos os textos, mas o Estado já tinha disponibilizado um conjunto deles anteriormente aquiaqui aqui.

Muito legal! Valeu Ceará!

9 Respostas

  1. alguém aqui assistiu a matéria do jornalista Wellington Macedo sobre a educação no Ceará?

    1. Aquela tal da Educação do Mal? Sim, vi. Está circulando nas redes sociais. Já chamaram a polícia para investigar?

      1. na própria matéria diz que o delegado que abriu inquérito pra investigar foi transferido pra abafar o caso

      2. Então espera o delegado dar se parecer!

  2. Edilson Ribeiro Romão | Responder

    Realmente o Ceará surpreende! Eu posso afirmar outrora como aluno e hoje como professor. Leciono Ciências e Biologia na rede municipal e estadual de São Paulo. Realmente é perceptível a imensa diferença quando adentra a minha sala um aluno do nordeste, do ceará em especial.
    Conclui todo meu ensino médio no Ceará, na minha cidade, Brejo Santo (mais de 500 Km da Capital), morei e trabalhei na roça até os meus 17 anos e apesar de ter estudado em uma escola da zona rural até 0 6° ano do fundamental, uma escola que não tinha praticamente nada, mas ao mesmo tempo tudo, uma sala de aula e um único professor. Esses foram sem dúvida os ingredientes fundamentais para minha formação. Percebo o quanto o Ceará avançou desde 2008, ano que conclui o ensino médio e vim estudar com bolsa no ENEM/PROUNI aqui em São Paulo. Incrivelmente destaco como os alunos de menor desempenho por lá estão de igual para igual com os mais desenvolvidos daqui.
    Os desafios da educação são inúmeros, e sei, o quanto a realidade aqui na grande cidade difere muito daquela dos rincões do nordeste, que não há muito foi minha realidade. Diversos fatores ofuscam o trabalho em sala de aula, mas a mensagem que fica, como já mencionado por você em outros posts, é :
    “Independente de onde eles estão e das condições que enfrentam, todos os brasileiros podem ser bons alunos e merecem receber uma educação a altura”.

    Abraço!

  3. […] via O “strike” do Ceará no analfabetismo escolar e as novidades para 2018 […]

  4. Que legal! Que vontade de ir para o Ceará!! Beijos, Cynthia

    >

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