Todos nós sabemos que na internet tem de tudo. A máxima “o papel aceita tudo” ganhou aparente sofisticação com os variados recursos que a informática permite. Agora é a internet que aceita tudo . . . Exatamente como ocorreu nas sucessivas revoluções intelectuais, políticas e de costumes causadas pela introdução de cada nova tecnologia, cá estamos nós mudando nossa forma de ver o mundo por ter contato com ideias e práticas de outras pessoas e contextos. Desta vez, diferentemente das demais como o rádio e a TV, de maneira muito mais interativa. Uma “verdadeira” realidade virtual.
Obviamente que não falta na internet, como não faltou nos demais canais de comunicação, muito lixo para emburrecer ou limitar nossa percepção de mundo. Como sempre, há muito mais conteúdo descartável do que oportunidades de aprender de verdade, abrir as idéias, conhecer nossos conceitos e contextos. O novo campo para expansão produção de conteúdo irrelevante e tacanho é a educação formal, escolar – aquele tipo de aprendizado que depende da frequência regular a um ambiente estruturado para se aprender habilidades e conteúdos que não se aprende “na rua”, ou “na internet” no sentido amplo.
A questão é que muita gente, principalmente em países subdesenvolvidos como o Brasil, nos quais a educação escolar ainda não está bem estruturada, o conteúdo de baixa qualidade concorre de verdade com o que interessa para fazer os estudantes aprenderem mais e os professores melhorarem suas práticas.
Hoje trago duas oportunidades interessantes para realmente se aprender por meio de conteúdos gratuitos divulgados eletronicamente. Ambos têm foco em políticas educacionais e gestão de redes escolares. Uma é gringa, produzida pela OCDE no âmbito do Pisa e outra é super local, produzida pela Secretaria da Educação de Sobral, no Ceará.
Os seminários via web, ou webinários sobre os achados do Pisa, estão disponíveis aqui:
http://www.oecd.org/pisa/webinars/
Os webinários do Pisa tratam de temas muito interessantes cuja análise aprofundada foi possibilitada pela iniciativa, que teve sua primeira avaliação aplicada em 2000. Desde então produzindo uma quantidade fenomenal de dados sobre políticas e práticas educacionais, além de da captação de informação sobre o perfil social dos alunos e de condições de ensino das escolas onde estudam. Por exemplo, há um recente sobre a educação na China explicando como o sistema chinês funciona.
Já os conteúdos da Seduc Sobral apresentam alguns eventos do dia a dia da Secretaria da Educação, mas também a nova documentação curricular do município, que está aqui:
http://sobral.ce.gov.br/site_novo/sec/educacao/#
Recomendo o II Seminário sobre a Experiência Educacional de Sobral (SEES) – 20 anos, cuja próxima edição será dias 30 e 31 de março, quinta e sexta desta semana. O conteúdo depois fica disponível no site e no canal do Youtube. Esses seminários ocorrem mensalmente e são uma solução que a Prefeitura de Sobral organizou para atender à demanda por visitas à sua rede municipal que emergiu com a divulgação dos dados do Ideb de 2015. Para situar, a cidade apresentou alto rendimento de seus alunos tanto no 5º ano quanto no 9º do ensino fundamental, com o melhor desempenho no Brasil para municípios de grande porte.
As inscrições para a edição de março podem ser feitas por este link:
https://doity.com.br/seminario-educacao-sobral
Além do interesse pelo conteúdo em si de cada iniciativa, Sobral e Pisa agora vão passar a ter muito mais em comum. Em maio será aplicada a prova do Pisa para todos os alunos de 15 anos (faixa em que se concentra a avaliação) matriculados na cidade, não importando se estão na rede municipal ou estadual. Essa avaliação externa e censitária do Pisa em um município brasileiro é inédita e é decorrência direta dos novos padrões curriculares que serão implementados na cidade a partir de 2018. A cidade vai fazer um diagnóstico do desempenho de seus alunos no Pisa porque com o novo currículo a Prova Brasil não será mais capaz de medir o conhecimento dos alunos dessa cidade do sertão nordestino. Agora eles vão buscar de verdade o padrão internacional estabelecido pelos países desenvolvidos.
Fica a dica…