Embora escandinavos amem a natureza e apresentem um comportamento civilizado e colaborativo que, para nós brasileiros superixpertus, pode parecer um pouco ingênua e utópica, na Finlândia, a impressão de que é um ensino solto, bagunçado e espontâneo que levou seus alunos ao topo do Pisa é totalmente equivocada!!!
Nesta segunda feira a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com o Prof. Pasi Sahlberg, que foi Diretor Geral do Ministério da Educação da Finlândia. Quem entrevistou o Prof. Pasi Sahlberg foi o jornalista Fábio Takahashi e eles abordaram a questão polêmica do uso de celulares e smart phones em escolas. Ele está no Brasil e explicou direitinho o que conta em seus livros, dois deles lançados no Brasil. Um deles, hoje: a versão em Português de seu livro Lições Finlandesas 2.0 no I CONGRESSO DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E CONHECIMENTO DO SESI-SP.
O evento acontece hoje e amanhã no prédio da Fiesp em São Paulo, com transmossão ao vivo pela internet. Eu gostaria de comentar quatro aspectos sobre a política educacional da Finlândia e o que o Prof. Sahlberg tem a contar que podem interessar aos educadores brasileiros :
1) o congresso do Sesi parece ser muito interessante, recomendo muito que quem não possa ir que o assita pela internet. É só procurar no Google pelo nome do Congresso: I CONGRESSO DE EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E CONHECIMENTO DO SESI-SP, ou entre direto no link ao vivo: http://cetec.sesisp.org.br/aovivo.html
2) Eu não li o livro novo do Prof. Sahlberg, mas, sim, li o livro anterior – Lições Finlandesas: o que o mundo pode aprender com a mudança educacional da Finlândia (2010) que já está traduzido para o Português pela Editora da Universidade Federal Fluminense e pode ser comprado pelo site da editora:
Embora eu não tenha a versão em Português, portanto, não tenha como saber se a tradução é boa, o livro original é sim muito bom para compreender a política educacional da Finlândia. Portanto, recomendo fortemente a sua leitura. Ultimamente, vários artigos vêm trazendo uma percepção equivocada sobre a educação na Finlândia, alguns até sendo usados como marketing de escolas privadas que dizem ter formado seus professores na Finlândia ou seguindo “princípios finlandeses”. Se alguém quiser saber quais são esses princípios, é bom ler o livro e, principalmente, os currículos antigos do governo finlandês, que estão na internet (links logo baixo). Os novos, infelizmente, estão disponíveis online, mas é preciso comprá-los.
3) Recentemente o Prof. Sahlberg ficou no meio de uma polêmica sobre o banimento de celulares e smart phones em escolas. Em resposta a um crescente movimento de governos de alguns países no sentido de banir o uso desses aparelhos em ambientes de ensino para crianças e jovens, ele recomenda que os alunos aprendam com seus professores a melhor forma de usá-los. Mesmo que ele encare com grande preocupação o uso indiscriminado de aparelhos eletrônicos com acesso a internet por pessoas sem maturidade suficiente e que concorde que a forma mais simples de resolver esse problema seja o simples banimento, ele não acha que seja a melhor solução, apenas a mais simples. Para acompanhar a polêmica, é melhor ir para o site do Prof.:
4) o último ponto é justamente o que é central na política educacional da Finlândia: O CURRÍCULO! O próprio Prof. Sahlberg explicou hoje em sua palestra que essa história de que a Finlândia vai abolir as disciplinas em seu currículo é totalmente fake news. Assim como dizer que finlandês não faz lição de casa! Ele diz que é impossível alguém jogar bem futebol sem treino, assim como é necessário praticar muito para ir bem nas disciplinas. Ele conta que essa confusão toda se deu por causa de um documentário do Michael Moore “Where to Invade Next”.
https://en.wikipedia.org/wiki/Where_to_Invade_Next
O endereço para o verdadeiro segredo dos finlandeses – os seus currículos super especificados – a partir dos quais são formados seus professores e toda a cadeia de planejamento e operação pedagógica, está aqui:
http://oph.fi/english/curricula_and_qualifications/basic_education/curricula_2004
Mas aqui vai uma “palhinha” sobre o quão detalhado é o currículo na Finlândia: