Finalmente, parece que o Brasil terá seu currículo nacional.
Embora a maioria dos estados brasileiros e mesmo alguns municípios já contem com o seu, para o bem da equidade (e da vergonha na cara governamental) temos que ter um documento normativo nacional que aponte o que os alunos brasileiros têm direito de aprender na escola em cada etapa.
A maior parte dos documentos já existentes brotou no jabuticabal educacional brasileiro: parte-se do que já se faz, mesmo que o sistema educacional brasileiro seja um dos piores do mundo.
A bncc começou muito mal, mas sua versão final, a ser homologada pelo ministro da educação esta semana, não é ruim. Pelo contrário, representa uma possibilidade concreta de criar condições políticas e operacionais para que a educação brasileira avance mais rapidamente E TAMBÉM na direção certa, que nos aproxima do nivel educacional dos alunos de países desenvolvidos.
Neste último fim de semana, estudei bastante apenas a disciplina de Língua Portuguesa. Preferia um documento mais claro e objetivo, mais competente para ajudar os docentes no planejamento pedagógico do que e como ensinar. Mas, dada a largada, a chegada até que não está mal.
Hoje estou na maior correria, não consigo detalhar muito minha análise.
Mas vamos começar pelo começo. Como ler o documento para poder entender o que está proposto la?
Vou dar uma dica para a alfabetização.
Embora um grupo super qualificado de especialistas no assunto tenha publicado um documento com críticas detalhadas ao conteúdo específico de alfabetização que está na bncc, eu acho que a caixa preta foi aberta e o conceito de ciclo de alfabetização de três anos, exemplar exótico na nossa cultura educacional jaboticabenta, vai começar uma trajetória sem volta à cova. Está com os dias contados.
Para ler e entender o que está na bncc e formar uma opinião melhor informada sobre o tema, recomendo que leiam a V4 do nosso currículo nacional, quando homologado, APENAS depois de ler os seguintes documentos:
Relatório do Grupo de Trabalho da Câmara dos Deputados sobre Alfabetização Infantil, disponível no link abaixo:
E a critica dos especialistas sobre o que está na bncc, que está no site do Instituto Alfa e Beto. O site estava em manutenção quando tentei puxar o link.
Boa leitura. Depois me contem…
Olá Ilona, tenho acompanhado seus posts desde que li o artigo sobre o currículo civilizatório. Tenho um grande temor, pois acredito que as mudanças que virão com o currículo serão tão inócuas quanto às outras que vieram (PCNs por exemplo). Os documentos são muito importantes, salvo detalhes, mas não formamos professores. As faculdades de pedagogia são patéticas e os cursos de licenciatura uma piada. Um professor de química faz 4 ou 5 matérias teóricas na educação, um estágio facilmente “burlável” de assistir umas aula ou outra e está licenciado. Não há pragmatismo, não há análise de dados, não há metas e estratégias para se cumprir, nao há preocupação com habilidades sociais, os coordenadores são na verdade inspetores e ainda fazem isso mal com posturas behavioristas que não atendem as crianças e seus perfis há anos. Além disso, temos pais e mães que ao menor sinal de mudança do modelo falido educacional rugem feito feras e bradam o incrível “no meu tempo foi assim e aprendi! Não venha inventar moda”. Desculpe o olhar pessimista, mas está difícil ter esperanças. Tenho 8 anos de sala de aula e me sinto um iniciante, estudo o tempo todo e vejo ao meu redor um olhar de estranheza, afinal “pra que isso? Pra que estudar tanto” já tenho meu emprego de professor. Muito triste
Thiago, currículo bom não é panaceia, mas é um ótimo começo. Seu temor tem fundamento, mas se vc conhecer documentos curriculares competentes, vai ver que eles podem sim induzir mudanças substanciais de atitude e muita reflexão. Vc já conhece o de Sobral?
http://seducsobral.blogspot.com.br/p/curriculos-escolares.html
Eu não conhecia, através de outro posto seu eu fui olhar, de fato muito mais cuidadoso com expectativas e com metas ajustadas. Pelo que entendi do que vc escreveu o currículo deve ser a força motriz de todo o processo, mas vc vê de fato os cursos de formação de professores mudando? De onde virá a pressão para que melhorem se estamos numa cultura que não olha pra resultados?
Ilona adoro voce, é muito clara objetiva e imparcial. Pena que as pessoas adoram falar demais do que não está perfeito … Penso que seus questionamentos , reflexões, comentários, conhecimentos são extremamente necessários e pertinentes. Continue e parabéns.
Ana Paula Agostinho
Obrigada, Ana Paula. Desculpe a demora em lhe responder. Estou atolada….
Blogue que precisa de censurador é porque não admite o contraditório. Aí bastar´justificar que o missivista não foi “objetivo, nem respeitoso”.
Não entendi…
Dona Ilona só faltou bradar um Viva Temer! Viva Mendonça! Viva Frota! hoje na cbn em suas arengas com o sardembergue.
Augusto, não eh bem assim. Se vc acompanhasse o setor e meus comentários veria que meu compromisso eh com a educação dos mais pobres.
Escutei o comentário na CBN e ouvi falar em “ideologia de gênero”. Acredito que o termo correto seria “Identidade de gênero” pois não é a mesma coisa que ideologia de gênero.
Tiago, desculpe. Escapou.